O Projeto

Os grandes incêndios florestais registados nos últimos anos em Portugal evidenciaram a vulnerabilidade dos aglomerados urbanos e das zonas industriais localizadas em zonas florestais. Os incêndios de 2017 tiveram um enorme impacto com uma elevada perda de vidas humanas e de infraestruturas, nomeadamente em zonas industriais. Em relação a estas últimas, urge tentar perceber o que pode ser feito para evitar os prejuízos dos grandes incêndios, através de estudos científicos que nos permitam conhecer os fenómenos associados a esses prejuízos. Estes estudos envolvem duas questões de natureza muito distinta mas complementar: qual o comportamento do fogo em redor das zonas industriais e quais as características das estruturas que compõem essas zonas.
Em relação ao primeiro aspeto, a legislação obriga a uma gestão de combustíveis em redor das zonas industriais de acordo com critérios não fundamentados cientificamente. O tipo e a estrutura da vegetação envolvente, influenciam de forma determinante o comportamento do fogo, mas o conhecimento existente a este respeito é ainda insuficiente para orientar uma gestão adequada. Pretende-se assim, com base em simulações de comportamento de fogo, propor soluções de gestão da vegetação que permitam minimizar os danos em redor das zonas industriais.
Em relação ao segundo aspeto, importa estudar as melhores soluções ao nível da construção que dificultem ou impeçam o início e a propagação do fogo. Tal passa pela escolha dos materiais mais adequados, e pela definição de soluções que minimizem a probabilidade do incêndio se propagar para o interior ou para construções adjacentes. Para tal deverá ser analisada a propagação do incêndio no interior da própria zona industrial de forma a determinar qual a melhor malha de construção para cada zona.
O projeto prevê a implementação das medidas propostas em algumas zonas industriais, de Norte a Sul de Portugal, mas o trabalho de investigação incide sobretudo na zona centro de Portugal. Este projeto de natureza interdisciplinar tem a participação de quatro entidades com papeis complementares. O projeto é coordenado pelo Itecons - Instituto de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico para a Construção, Energia, Ambiente e Sustentabilidade, da Universidade de Coimbra, (componente estrutural) em parceria com a ESAC - Escola Superior Agrária do Politécnico de Coimbra (componente florestal). São ainda parceiros do projeto, a CIM RC – Comissão Intermunicipal Região de Coimbra e pela ANEPC – Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil. O projeto tem a duração de três anos, com início a 1 de janeiro de 2020.
